Drex: o real digital e seu impacto no mercado cripto

Nos últimos anos, o Banco Central do Brasil (BCB) vem trabalhando em um projeto ambicioso: o Drex, também chamado de Real Digital. Em setembro de 2025, o tema voltou ao centro das discussões sobre tecnologia financeira, pois os testes com a moeda digital avançaram. A expectativa é que sua implementação comece em larga escala já em 2026.

Mas, afinal, o que é o Drex? Qual a diferença para as criptomoedas como Bitcoin e Ethereum? E como isso impacta o investidor e o usuário comum?

O que é o Drex?

O Drex é a sigla para a versão digital oficial do Real (BRL), criada e controlada pelo Banco Central do Brasil. Diferente de criptomoedas descentralizadas, o Drex é uma CBDC (Central Bank Digital Currency), ou seja, uma moeda digital emitida e garantida por um banco central.

Segundo a instituição, a ideia é que o Drex traga mais eficiência, segurança e inclusão financeira ao sistema de pagamentos brasileiro. Ele será integrado ao Pix e poderá ser usado em transferências, pagamentos do dia a dia e até mesmo em contratos inteligentes (smart contracts).

Referência oficial –> Banco Central – Real Digital

Como o Drex funciona?

O real digital vai rodar em uma infraestrutura baseada em blockchain (ainda em análise) e tecnologia DLT (Distributed Ledger Technology). Isso significa que as transações serão registradas em um sistema descentralizado de validação, mas ainda sob controle e supervisão do Banco Central.

Principais pontos do funcionamento:

  • Conversão 1:1 com o Real: 1 Drex sempre valerá 1 Real físico.
  • Integração com bancos e fintechs: as instituições financeiras vão emitir o real digital para os clientes, sempre lastreado em reais.
  • Contratos inteligentes: será possível programar pagamentos automáticos, empréstimos com garantias digitais e até compras tokenizadas.
  • Tokenização de ativos: imóveis, automóveis e títulos poderão ser representados digitalmente no sistema do Drex.

Drex x Criptomoedas: principais diferenças

Apesar de prever usar blockchain, o Drex não deve ser confundido com criptomoedas como Bitcoin (BTC) ou Ethereum (ETH). Eis as diferenças:

  • Centralização: Bitcoin é descentralizado, enquanto uma CBDC (Central Bank Digital Currency) é emitida e controlada pelo Banco Central.
  • Política monetária: o Drex seguirá a mesma política do Real, podendo ser emitido ou recolhido pelo governo.
  • Finalidade: criptos são ativos globais e independentes, enquanto o Drex é nacional e regulado.
  • Segurança e regulação: o real digital terá garantias legais, mas menos liberdade que as criptomoedas tradicionais.

Mais sobre CBDCs –> CoinDesk

Impactos na economia brasileira

O Drex promete mudar a forma como os brasileiros lidam com dinheiro no dia a dia. Alguns dos impactos mais discutidos são:

  1. Inclusão financeira
    Pessoas desbancarizadas, ou seja, sem conta em banco, poderão acessar serviços digitais via Drex, principalmente em regiões onde o sistema bancário ainda é limitado.
  2. Barateamento de serviços
    Custos de transferência, crédito e emissão de títulos devem cair, já que a tecnologia blockchain reduz intermediários.
  3. Estímulo à inovação
    Startups e fintechs poderão criar soluções de crédito, seguros, investimentos e até mercados de tokenização de ativos com base no real digital.
  4. Concorrência com stablecoins
    O Drex pode reduzir a necessidade de stablecoins atreladas ao dólar (como USDT e USDC) em negociações nacionais, fortalecendo o uso do Real no ambiente digital.

Críticas e preocupações

Apesar do otimismo, especialistas levantam alguns pontos de atenção:

  • Privacidade: como as transações serão registradas em um sistema controlado, há receio de que o governo tenha acesso a informações financeiras detalhadas dos cidadãos.
  • Centralização do poder: diferente das criptomoedas, uma CBDC dá total controle monetário ao Banco Central.
  • Risco tecnológico: falhas na infraestrutura ou ataques cibernéticos podem comprometer o sistema.

O futuro

O Banco Central planeja que, a partir do segundo semestre de 2026, o real digital esteja disponível para toda a população. Até lá, os testes continuam com participação de grandes bancos, fintechs e empresas de tecnologia.

Se bem implementada, a nova moeda pode tornar o Brasil referência mundial em moeda digital de banco central. Porém, ainda restam dúvidas sobre privacidade e o impacto no mercado de criptomoedas.

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